Se você é
daqueles que só agenda uma consulta com dor de dente, saiba que várias doenças
fazem da sua boca um sinal de alerta.
1.
Diabetes
Ao contrario do que muita gente pensa, os idosos não são as únicas vitimas
dessa desordem metabólica. Embora seja raro, o do tipo I atinge, sobretudo,
crianças e jovens com menos de 25 anos. Independente da forma como se
apresenta, a patologia gera um hálito cetônico, que surge devido a pouca
disponibilidade de glicose como fonte energética. Isso leva o organismo a
buscar nas gorduras uma compensação “Quando há queima de gorduras para produzir
energia, surge um subproduto chamado de cetônicos, os quais são eliminados pela
respiração, dando ao individuo um hálito com cheiro adocicado”, esclarece
Sandra. Esse sintoma já é suficiente para o dentista encaminhar o paciente para
o médico confirmar o diagnóstico. Todavia, outras alterações bucais podem
denunciar o problema, tais como: diminuição da quantidade de saliva e maior
concentração de cálcio nela; alterações na coloração do esmalte do dente (ou na
formação de esmalte); dor e queimação na língua e quando quantidade de cáries.
2.
Osteoporose
A cirurgiã-dentista comenta que, como se trata de moléstia que diminui a
massa óssea, as principais manifestações bucais são o excesso de fraturas nos
dentes, o agravamento de doenças periodontais e a dificuldade de adaptação de
próteses (como dentaduras) e implantes dentários. Esse último transtorno ocorre
devido à perda de osso nas regiões da maxila e mandíbula. “A doença é mais
prevalente em mulheres. Se a paciente é magra e começa a ter várias fraturas dentárias, eu já peço
que ela vá ao ginecologista e faça o exame de densitometria, que mede a massa
óssea do fêmur e da coluna para diagnosticar a osteoporose”, completa.
3.
Doenças da pele
De acordo com Pannuti, essa categoria engloba problemas como lesões
vesicobolhosas, lúpus e pênfigo – doença conhecida como “fogo selvagem”, a qual
resulta no aparecimento de bolhas cheias de liquido na pele. Normalmente, todas
essas enfermidades se espalham pelo corpo, mas surgem primeiro na boca. “Elas
aparecem na forma de uma descamação na gengiva ou na mucosa. Em um primeiro
momento, podem ser confundidas com gengivite. Porém, são acompanhadas de bolhas
e dores, sintomas que não são comuns da doença periodontal”, explica.
4.
Sífilis
É causada pela bactéria Treponema
pallidum e transmitida por meio de relações sexuais. Os sinais variam
conforme o estágio da doença. Em quadros de sífilis primária, o dentista
observa uma úlcera firme e indolor, com bordas elevadas e claras na mucosa. Na
secundária, manchas ovais e placas esbranquiçadas, irregulares e também indolores
aparecem nas seguintes regiões: lábios, língua, palato, bochecha e até nas
amigdalas. Por fim, a fase terciária culmina na formação de gomas que podem
perfurar o palato. Quando isso acontece o paciente adquire uma voz nasalada e
passa a ter dificuldades de engolir. Como os sintomas dos dois últimos estágios
são bastante evidentes, é pouco provável que o indivíduo procure um
especialista em saúde bucal, preferindo ir diretamente a um médico. Há ainda a
sífilis congênita, que é a transmitida pra o bebê durante a gestação. “Ela faz
com que os dentes da criança tenham problemas de formação: os molares ficam com
aspecto de amora e os incisivos centrais superiores com forma de barril ou
chave de fenda”, comenta Sandra.
5.
HPV (Papilomavírus Humano)
Nome genérico para um conjunto demais de 100 tipos de vírus, o HPV é
outra Doença Sexualmente Transmissível (DST) detectável pelo especialista em
saúde bucal. No entanto, ele só consegue fazer o diagnóstico quando há a
presença de uma lesão do tipo couve-flor (nódulos pequenos rosados ou
esbranquiçados) no interior da boca. Sandra destaca que essa lesão pode ser
tratada por meio de medicamentos locais, remoção cirúrgica e crioterapia –
procedimento que consiste no congelamento e destruição do tecido anormal.
6.
AIDS
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) provoca uma diminuição
progressiva das defesas do organismo, tornando o paciente suscetível a toda
sorte de infecções. O dentista Pannuti afirma que isso facilita o aparecimento
de lesões e neoplasias bucais, além de um câncer conhecido como Sarcoma de
Kaposi, causado pelo herpesvírus de tipo 8 (HHV-8). O sarcoma manifesta-se
principalmente no palato e na gengiva e possui forma de nódulos de coloração
avermelhada que sangram facilmente. Ele é o principal indício de que o
indivíduo pode ser soropositivo.
7.
Câncer
Pannuti ainda destaca que não é comum um câncer que tenha acometido outra
parte do corpo evoluir ao ponto atingir a boca. Entretanto, quando acontece,
normalmente ele é detectado na forma de uma ferida ulcerada que cresce a partir
da gengiva. “Ela pode ser confundida com outros tipos de lesões, mas o fato de
não cicatrizarem é uma característica que possibilita o diagnóstico
diferenciado.”
abril 2014 – págs 52, 53, 54 e 55.