BEM MAIS SÉRIA, ALIÁS, DO QUE VOCÊ TALVEZ IMAGINA. ACREDITE, ELA PODE
COLOCAR ATÉ SEU CORACÃO SOB RISCO
Você já teve algum dente cariado? Se a resposta for sim,
saiba que não está sozinho. Ela é considera a doença – sim doença – mais comum
no planeta, atingindo cinco bilhões de pessoas. Para ter ideia 88% dos
brasileiros já sofreram com o problema ao menos uma vez, segundo o Ministério
da Saúde.
Para criar uma consciência sobre a gravidade desse
buraquinho no esmalte dentário, chega ao país a Aliança para um Futuro Livre de
Cárie, iniciativa internacional que reúne experts em odontologia ao redor do
globo com a missão de alertar os profissionais da saúde e desafiar os
responsáveis por políticas públicas sobre a necessidade de educar a população
para prevenir o problema. “Nossa meta é
ensinar as pessoas que o diagnóstico é simples é deve ser feito o mais rápido
possível”, conta o odontologista Marcelo Bonecker, professor da Universidade de
São Paulo e presidente da Aliança no Brasil. Ousada, a empreitada almeja que
crianças nascidas a partir de 2026 sejam livres de cárie.
A ORIGEM DO BURACO
Tudo tem inicio quando a saliva não realiza uma de suas
funções primordiais, que é ajudar a manter o pH da boca estável e, com isso,
manter o esmalte, uma espécie de escudo dentição, intacto. Fatores com a má alimentação, a falta de
higiene impedem que este detergente natural equilibre o pH e, abrindo alas para
a acidez. Ela contribui para a explosão demográfica de bactérias que vivem ali
sossegadas e são responsáveis por converter o açúcar dos alimentos em mais e
mais ácidos. Esse círculo causa estragos.
“Os micro-organismos destroem o esmalte e, se não
controlados, podem consumir o dente todo” explica o odontologista Luiz Akaki,
de São Paulo. Essas verdadeiras erosões são agravadas por determinados quadros
de saúde. Asmáticos, por exemplo, estão mais sujeitos a sofrer com elas.
“Quando respiramos pela boca, a secreção salivar diminui , baixando a proteção
do dente contra bactérias”, aponta Bonecker. “Com a secura, a tendência é tomar
bebidas doces, o que piora de vez é a situação”, completa. Outra doença que a apresenta
de muita carie pode denunciar é o diabete. Nele, os níveis de glicose vão às
alturas e são outro sabotador da produção de saliva. Às vezes , porém, é a
carie que causa novas confusões. Ora, os bichos cariogênicos financiam
problemas no coração.
Para afastar o risco de cárie e doenças periodontais,
escovar os dentes corretamente é o mais importante, mas a limpeza profissional também
não deve ser desprezada. Recentemente, a American Heart Association publicou um
estudo revelando um dado inusitado: pessoas que se submetiam com frequência a
esse procedimento no consultório apresentavam uma probabilidade 24% menor de
ataque cardíaco e 13% mais baixa de um acidente vascular cerebral. Nada mal...
Essa relação tem uma explicação simples. Uma gengiva inflamada,
ou uma cárie que já atingiu a raiz do dente, libera no corpo uma porção de
substâncias inflamatórias. Esses agentes desestabilizam a placa de gordura que
existem nas artérias, favorecendo o seu rompimento”, esclarece o dentista
Ricardo Neves, diretor da Unidade de odontologia do Instituto do coração
(Incor), em São Paulo. A inflamação pode dificultar o fluxo do sangue até que
ele pare totalmente, ao gerar coágulos ou placas que tampam totalmente 100% da
passagem. É esse acidente de trânsito que deflagra infartos e derrames.
O elo entre saúde bucal e doenças cardiovasculares é tão
relevante que desde 1977 existe no Incor uma divisão especialmente focada em
tratar problemas na cavidade oral dos pacientes cardíacos. A preocupação é
justamente evitar o risco de endocardite, infecção grave com índice
considerável de mortalidade. “A boca é responsável por 40% das ocorrências
desse mal, e nossa função é evitar que todo o esforço vá por água abaixo”,
expõe Neves. O cardiologista Max Grinberg, diretor da Unidade de Volvopatias do
centro de referência paulistano completa: “Sempre recomendamos que os pacientes
com disfunções nas válvulas cardíacas façam visitas regulares ao
odontologista”.
Mesmo quem tem o peito batendo no ritmo certo não deve fugir
da cadeira do dentista. “Apenas o profissional consegue retirar o tártaro, a placa
bacteriana que enrijece após 48 horas sem remoção, e realizar o polimento, que
evita por um bom tempo a adesão de novas placas”, explica Luiz Akaki. Capriche
no uso do fio dental – só ele é capaz de limpar o espaço entre os dentes.
Enxaguatórios bucais, de preferência sem álcool, também ajudam a limar a placa
e alcançam lugares aonde escova e o fio não chegam. Com a higiene em dia, é
possível eliminar o perigo na boca – e no coração.
LIMPEZA CERTEIRA
VAI E VEM CORRETO
A maneira
mais eficaz de fazer o acessório trabalhar direito é movimentá-lo no sentido
oposto ao da gengiva. Sempre.
DE PAR EM PAR
Na hora de
empunhar a escova, encare os dentes de dois em dois. Assim. O tempo investido
na higiene tende a ser maior.
NÃO SE ESQUECA DA
LÍNGUA
O ideal é
utilizar um limpador especial, porque as bactérias grudam nela também. Na falta
dele, a escova cumpre bem esse papel.